06/07/2020

Home Office de servidores provoca economia de até R$ 500 milhões: motivo para barrar as ameaças de redução de salários e direitos dos servidores, avalia Oficial da JFMG



As discussões sobre a construção de um novo normal, em que as videoconferências prometem substituir boa parte das reuniões e viagens de trabalho, não estão em curso apenas na iniciativa privada. A administração pública federal também está atenta a essa possibilidade. Após mais de três meses de pandemia e home office, o governo percebeu que é possível manter os serviços e a gestão da máquina pública com atividades parcialmente remotas e ainda economizar com isso. Por isso, estuda como manter parte dessa economia e já diz que o corte de gastos pode chegar a R$ 500 milhões por ano no pós-coronavírus.

Balanço da Secretaria de Gestão do Ministério da Economia explica que o governo federal economizou quase R$ 200 milhões só com deslocamentos e viagens nos últimos três meses. Esse gasto foi de R$ 265,2 milhões, entre março e maio de 2019, mas somou apenas R$ 65,5 milhões no mesmo período deste ano devido à necessidade de isolamento social e às restrições a viagens aéreas impostas pela pandemia. A redução foi de 75%. Por isso, por mais que saiba que as viagens vão voltar a ocorrer nos próximos meses, o governo quer manter parte dessa economia. “A pandemia mostrou que muitas agendas que demandavam viagens de servidores podem ser substituídas por reuniões virtuais. Já existe tecnologia para isso”, avalia o secretário de Gestão do Ministério da Economia, Cristiano Heckert.

Ele calcula que, mesmo mantendo as viagens essenciais, o governo pode reduzir de R$ 400 milhões a R$ 500 milhões os gastos anuais relacionados a viagens. Afinal, não é só a compra de passagens que diminui. Levantamento da Associação Contas Abertas revela que, além de reduzir custos com bilhetes aéreos, esses últimos três meses de isolamento social diminuíram em R$ 160,1 milhões os gastos da União com diárias; e em mais R$ 5,2 milhões as despesas com hospedagens.

A Associação Contas Abertas constatou um corte de R$ 40,4 milhões nos gastos do Executivo, do Judiciário e do Legislativo com mobiliário, além de uma diminuição de R$ 13,9 milhões com locação de imóveis; R$ 8,5 milhões, com material de consumo; e R$ 8,3 milhões, com material de expediente, entre março e maio deste ano. Também foram observadas reduções significativas nos pagamentos de auxílio-transporte (redução de R$ 34,1 milhões) e adicional de periculosidade (menos R$ 22 milhões).

Balanço da Secretaria de Gestão e Desempenho de Pessoal do Ministério da Economia aponta que 79.641 servidores públicos federais seguiam trabalhando de casa no fim de junho, o que equivale a, aproximadamente, 49% da força de trabalho da administração pública federal. 

Ampliação

Fundador e secretário-geral da Associação Contas Abertas, Gil Castello Branco diz que essas cifras ainda podem crescer bastante caso o trabalho remoto seja regulado pelo governo no pós-pandemia. E acrescenta que, a longo prazo, essa nova dinâmica laboral ainda pode reduzir outros itens significativos do gasto público, como o aluguel de imóveis e a contratação de serviços terceirizados e de manutenção predial. 

Segundo o Oficial da Justiça Federal de Minas Gerais, Marco Antônio Paiva, a conta apresentada pelo governo é “irreal, para baixo. Não menciona gastos altíssimos, como energia elétrica. A conta de luz somente dos três prédios da Justiça Federal de Belo Horizonte alcança R$ 160 mil por mês, ou R$ 1,9 milhão por ano. Multiplique isso por todos os milhares de prédios públicos do país. Quando o home office se consolidar, inúmeros desses prédios passarão a ser desnecessários. Outro motivo para parar com as ameaças de redução de salários e direitos dos servidores. A pandemia mostrou que dinheiro nunca faltou. Falta é vontade de governar para o país”, avalia.

Da assessoria de imprensa, Caroline P. Colombo com o jornal Correio Braziliense