09/03/2020

Auditor federal avalia que servidores podem perder metade do poder de compra até 2026



A redução de 25% dos salários, proposta na chamada PEC Emergencial, pode reduzir pela metade o poder de compra dos servidores até o ano de 2026 e aprofundar a crise econômica do Brasil. A avaliação é do Auditor Federal de Finanças e Controle da Secretaria do Tesouro Nacional, Bráulio Cerqueira.

De acordo com ele, o governo não estimou os impactos da redução de salários dos servidores no PIB nacional. Segundo o especialista, a consequência imediata é a perda de produtos no curto prazo, o que intensificará a crise econômica brasileira. 

Os apontamentos foram feitos na última quinta-feira (05), durante o Seminário "Plano Mais Brasil em debate: a PEC Emergencial", que tratou especificamente da PEC 186/2019. O evento foi realizado pela Arca - Carreiras Públicas pelo Desenvolvimento Sustentável e pela Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Planejamento e Orçamento (Assecor), e aconteceu na Câmara dos Deputados. 

"Com redução salarial de 25% e inflação de 4,5% ao ano, ao longo de sete anos, haverá redução de metade do poder de compra dos servidores até 2026. Algumas pessoas vão argumentar que os servidores ganham bem, mas a média salarial dos trabalhadores da administração pública é de R$ 3.800. Esse valor será reduzido pela metade", alerta o auditor.

Apesar das regras da PEC indicarem fim em 2022, Bráulio Cerqueira avalia que o texto terá vigência até 2026 por ordem do Teto de Gastos e também da Regra de Ouro. No cenário previsto por ele, haverá dificuldades de retomada da economia no Brasil e intensa desorganização da administração pública. "Quando se fala de servidores públicos, é preciso dizer para a sociedade que eles se concentram em saúde, educação, segurança e assistência para a população. É isso que será perdido", argumenta.

O professor da Universidade de Brasília José Oreiro ressalta que “a PEC 186 representa a redução dos atendimentos públicos. Isso tem que ficar bem claro. Não se trata de redução de salários. Se hoje o médico trabalha 8 horas, vai passar a trabalhar seis. Se hoje pessoas já morrem em filas de hospitais sem atendimento, vai piorar. É redução da carga horária de professores, o que significa menos educação. É menos bombeiros a postos”. 

Assojaf reafirma chamado para o dia 18 de março!

A Assojaf-MG reafirma o chamado para que os Oficiais de Justiça estejam nas atividades e mobilizações programadas para o dia 18 de março contra a retirada de direitos e o desmonte do serviço público. “Somente com a união e participação de todos os servidores, conseguiremos demonstrar as precariedades que estão sendo impostas pelo atual governo. Não é uma luta apenas contra os servidores públicos, é uma luta contra o cidadão que deixará de ter serviços essenciais na área da segurança, saúde, educação”, ressalta a presidenta Paula Drumond Meniconi.

Da assessoria de imprensa, Caroline P. Colombo